Dicas sobre Teatro
COMO ESCREVER UMA PEÇA DE TEATRO
Escrever uma peça corresponde a escrever o Roteiro, ou Script, para a representação teatral de uma história. O Roteiro contém tudo que é dito pelos atores no palco, e as indicações para tudo que deve ser feito para que a representação seja realizada.
Uma página sobre como escrever um Roteiro de Teatro não basta para passar toda a idéia do que é e do que requer essa tarefa.. É necessário que a pessoa tenha assistido a um espetáculo teatral pelo menos uma vez, e que leia alguns roteiros, para que tenha a noção completa do que é escrever uma peça, e sobretudo para compreender as limitações a que o teatro está sujeito, se comparado a outros meios de produção artística como a literatura e o cinema, e também o potencial dessa forma rica de expressão artística..
A peça de Teatro divide-se em Atos e Cenas. Os Atos se constituem de uma série de cenas interligadas por uma subdivisão temática. As cenas se dividem conforme as alterações no número de personagens em ação: quando entra ou sai do palco um ator. O cerne ou medula de uma peça são os diálogos entre os personagens. Porém, o Roteiro contém mais que isto: através das Rubricas e das Indicações ele traz as determinações indispensáveis para a realização do drama e assim orienta os atores e a equipe técnica sobre cada cena da representação.
As Rubricas (também chamadas “Indicações de cena” e "indicações de regência") descrevem o que acontece em cena; dizem se a cena é interior ou exterior, se é dia ou noite, e o local em que transcorre. Interessam principalmente à equipe técnica. Apesar de consideradas como “para-texto” ou “texto secundário”, são de importância próxima à do próprio diálogo da peça, uma vez que este normalmente é insuficiente para indicar todas as ações e sentimentos a serem executados e expressos pelos atores. Sylviane Robardey-Eppstein, da Uppsala Universitet, no verbete Rubricas do Dictionnaire International des Termes Littéraires, faz uma classificação minuciosa das rubricas. Vamos aproveitar aqui apenas as seguintes categorias: Macro-rubrica e Micro-rubrica, esta última dividida em Rubrica Objetiva e Rubrica Subjetiva..
A Macro-rubrica é uma Rubrica geral que interessa à peça, ou ao Ato e às Cenas; é também chamada “Vista”, e é colocada no centro da página, no alto do texto de cada cena, e escrita em itálico ou em maiúsculas. As demais Rubricas estão inseridas no diálogo e afetam apenas a ação cênica
A Micro-rubrica Objetiva refere-se à movimentação dos atores: descreve os movimentos, gestos, posições, ou indicam o personagem que fala, o lugar, o momento, etc.
As Micro-rubricas Subjetivas interessam principalmente aos atores: descrevem os estados emocionais das personagens e o tom dos diálogos e falas.
Ao fazer as Indicações Cênicas ou Rubricas o dramaturgo (o Autor) interfere na arte de dirigir do Diretor de Cena e também enquadra a interpretação dos atores sem respeitar sua arte de interpretar. Por essa razão deve limitar-se a fazer as indicações mínimas requeridas para o rumo geral que deseja dar à representação, as quais, como autor da peça, lhe cabe determinar.
As falas são alinhadas na margem esquerda da folha, e cada fala é antecedida pelo nome do personagem que vai proferi-la. O nome do personagem é centralizado em letras maiúsculas (caixa alta).
As Rubricas e as Indicações ficam em linhas separadas e escritas em itálico, afastadas da margem esquerda uma meia dúzia de espaços (endentação). Mas podem também cair em meio à fala, e neste caso, além de escritas em itálico, também são colocadas entre parênteses. As palavras precisam ser impressas com nitidez e ser corretamente redigidas. Usa-se em geral a letra Courier no tamanho 12. Entre a fala de um e de outro personagem é deixado um espaço duplo. Os verbos estarão sempre no tempo presente, e a ordem das palavras deve corresponder à seqüência das ações indicadas.
Um exemplo:
(Na primeira página, somente o título da peça) O MISTERIOSO DR. MACHADO
(Na segunda página, todos os personagens da peça) PERSONAGENS
Frederico Torres, vereador.
Aninha, secretária de Frederico.
Dona Magnólia, mãe de Aninha.
Machado, médico, irmão de Dona Magnólia.
Sinval, motorista de Machado.
Robespierre, amigo da família.
(Macrorubrica) ÉPOCA: presente; LUGAR DA CENA: Rio de Janeiro
(Na terceira página, a macrorubrica) PRIMEIRO ATO
Casa de família da classe média. Sala de estar com sofá, abajur, consoles e outros móveis e apetrechos próprios. Uma saída esquerda, dá para o corredor. À direita, a porta principal, de entrada da casa.
É noite (Macrorubrica) .
CENA I
Dona Magnólia, Aninha
Dona Magnólia, recostada no sofá, lê um livro. (Rubrica objetiva).
ANINHA
Entrando na sala (Rubrica objetiva).
DONA MAGNÓLIA:
Levanta-se do sofá, tem numa das mãos o livro que lia (Rubrica objetiva).
Surpresa: (Rubrica subjetiva)
O que aconteceu? Você nunca volta antes das 9 horas!
ANINHA
Mantem-se afastada da mãe, a poucos passos da porta. (Rubrica objetiva)
Não fui ao trabalho. Saí apenas para um passeio. Eu precisava refletir... (Desalentada - Rubrica subjetiva) Mas não adiantou muito. Meus problemas são de fato problemas!
(Muda a Cena devido à entrada de mais um personagem) CENA II
Dona Magnólia, Aninha, Sinval.
SINVAL
Parado à entrada do corredor, tosse discretamente para assinalar sua presença. As duas mulheres
voltam-se para ele (Rubrica objetiva).
Dona Magnólia, vou buscar Dr. Machado. Está na hora dele fechar o consultório.
ANINHA
Num ímpeto: (Rubrica subjetiva)
Não, Sinval. Hoje eu vou buscar meu tio. Vou no meu carro. Tenho um assunto para conversar com ele na volta para casa.
SINVAL
Embaraçado: (Rubrica subjetiva)
Dona Ana... Às quintas-feiras ele não vem direto para casa... Eu é que devo ir. Ele voltará muito tarde.
Redação: papel e espaço. A folha de papel “ofício grande” é o mais prático para a redação do Roteiro. O texto no papel tamanho carta fica mais elegante, mas fica mal distribuído porque a folha é de tamanho reduzido. O espaço em branco extra neste caso serve para o diretor, os atores, e a equipe de produção fazerem anotações, correções e sugestões para melhorar o trabalho nos seus setores. Como dito acima, o tipo mais comumente usado em roteiros é o Courier n° 12. As peças, quando impressas em livros, têm formato mais econômico geralmente trazendo para uma linha só o que na pauta de trabalho está em linhas separadas.
As palavras e frases precisam ser impressas com clareza e, principalmente no Teatro Pedagógico, escritas com toda correção ortográfica e gramatical. É preferível a ordem direta, evitando-se o quanto possível os tempos compostos dos verbos. Porém, a linguagem usada deve ser aquela a que a média dos espectadores esteja habituada a usar no seu dia a dia, e os sentimentos mostrados pelos personagens devem ser expressos do modo como as pessoas em geral costumam expressá-los.
Se o texto é em versos, estes devem ser absolutamente simples. Através do apelo do seu ritmo podem oferecer ao dramaturgo oportunidades para efeitos emocionais que a prosa não lhe permitiria, mas devem ser escritos tanto quanto possível de modo a que pudessem ser falados com inteira naturalidade pelos atores, em lugar de declamados. Para isso, não deveriam incorporar palavras, ainda que bonitas, que não sejam usadas na conversação diária da média dos freqüentadores de teatro, e as palavras colocadas somente em sua ordem natural, e sem nenhuma inversão supérflua em benefício do ritmo.
Quando a fala de um personagem tem uma ou um conjunto de palavras a serem pronunciadas com ênfase, usa-se o itálico para assinalar essa ênfase. Exemplo:
ANINHA
Mas não adiantou muito. Meus problemas são de fato problemas!
Será inevitável ter que escrever várias versões da peça, a qual poderá sempre ser modificada para melhor, à medida que, no decorrer da leitura de mesa ou nos ensaios, sugestões dos atores e da equipe técnica possam ser incorporadas ao roteiro. A abundância de espaço entre as linhas é um modo de facilitar anotar as alterações até a versão final. Porém, mesmo depois das primeiras apresentações o dramaturgo poderá ver-se na obrigação de fazer correções ou desejar aperfeiçoar algum ponto.
Tempo e Custos. Dois controles sobre a extensão e complexidade da peça são o Tempo e os Custos. No Grande Teatro o limite de tempo e os orçamentos são bastante elásticos. No caso do Teatro Pedagógico, porém, o Orientador Educacional no papel de dramaturgo precisa reduzir suas exigências a fim de economizar. Precisa estar atento a este aspecto ao escrever seu roteiro.
Como iniciar o drama? É uma boa idéia iniciar a partir de um detalhe dinâmico da história, deixando para o espectador imaginar o que possa ter ocorrido antes a partir dos diálogos iniciais que ele ouve. Não há ação dramática sem conflito. O tema de todo drama é, como visto (Noções de Teoria do Teatro), um confronto de vontades humanas. O objeto da peça não é tanto expor personagens mas também contrastá-las. Pessoas de variadas opiniões e propensões opostas chegam ao corpo a corpo em uma luta que vitalmente importa para elas, e a tensão da luta será aumentada se a diferença entre as personagens é marcante. Se a cena inicial é uma discussão entre um fiscal e um comerciante devedor dos impostos, logo os espectadores tiram várias conclusões sobre a situação dos dois protagonistas.
Concepção dos personagens. O personagem (ou "a personagem", quando for oportuno o emprego do feminino: o Aurélio dá como corretas as duas versões) será como um amigo ou um inimigo para o dramaturgo, e ele escreverá a seu respeito com conhecimento de causa, como se falasse de alguém que conhecesse intimamente. Embora na peça ele explore apenas alguma faceta em particular do caráter dessa figura imaginária, ele a concebe como um tipo completo, e sabe como ele se comportaria em cada situação da história a ser contada. Por exemplo: uma mulher devotada à religião e à sua igreja, que coisas ela aprova e quais outras reprova no comportamento das demais pessoas? Um indivíduo avarento, como age com os amigos e com que se preocupa em cada diferente situação do convívio social? Como reconhecer um escroque antes mesmo dele abrir a boca? Tudo isto requer muita observação relativa a como as pessoas revelam sua personalidade e o lado fraco ou forte de seu caráter. Com essa experiência de observação será fácil para o autor da peça construir seus personagens e montar em torno deles uma história de conflitos, concorrência, competição desonesta ou cooperação fraterna, e por aí desenvolver um drama que poderá ser ao mesmo tempo interessante e educativo.
Tudo no personagem precisa ser congruente, para que ao final algo surpreenda o espectador. Suas roupas, onde mora, suas preferências, seus recursos financeiros, sua facilidade ou dificuldade em fazer amigos, suas preocupações morais, se lê ou não livros e jornais, que diversões prefere ou se pratica ou não esporte, tudo isto deve concorrer em um personagem autêntico, sem contradições. Muito já se escreveu sobre pobres se tornarem ricos, e ricos ficarem pobres, e também sobre increus convertidos, ou almas boas que se deixam levar ao crime, mas a novidade em cada história será a tragédia envolvida nessa transformação, que leva alguém a um gesto que antes não se poderia esperar dele.
Personagens que têm uma motivação forte e cujas ações se dirigem sempre com objetividade no sentido do que buscam, sem medir os riscos, sempre são os personagens mais interessantes, mas esse empenho forte se torna, muitas vezes, seu lado fraco e vulnerável. Justamente uma ação que vai contra a inteireza de um tipo pode se transformar em um ponto alto na história, como seria o caso de um sovina que, depois de receber uma lição da vida, se comove com a situação de alguém e lhe dá um presente de valor. É quando o personagem quebra sua inteireza, antes bastante enfatizada, que surge um grande momento na peça.
O dramaturgo precisa, no entanto, resumir ao mínimo as características de seus personagens, porque será sempre mais difícil encontrar aquele ator que assuma a personalidade ideal por ele criada, e possa bem representá-la, e ainda preencher sua descrição de um tipo físico quanto à altura, peso, cor da pele, que seja corcunda ou coxo, tenha cabelo crespo ou liso, etc. Por isto, quanto ao físico, deve indicar somente características indispensáveis para compor um tipo, sem exigir muito nesse aspecto. A equipe técnica poderá completar a caracterização com os recursos disponíveis, seguindo a orientação do Diretor de Cena. Ela poderá inclusive preparar o mesmo ator para representar mais de um papel, se a caracterização for simples e a troca de vestimentas e demais caracterizações puderem ser feitas sem demasiado esforço e em tempo muito curto.
Ao escrever a peça, o dramaturgo deve dar a cada personagem um quinhão significativo de atuação, porém na proporção da importância do seu papel, e fazer com que cada um deles tenha algo por que lutar, algo que precisa alcançar. Deve pensar no entrelaçamento de todos os interesses entre si, e nos conflitos resultantes, e as conseqüências para os que vencerem e os que fracassarem.
Inspiração. A peça tem sua idéia central, relativa a um tema; seu título e todas as cenas devem guardar uma relação clara e objetiva com essa idéia. O interesse intelectual não é suficiente para fazer uma peça boa de se ver. O público quer passar por emoções de simpatia e também de auto-estima (opinar sobre o que assiste). A platéia procura, imóvel e estática, entender a mensagem de uma peça sofisticada, e ao final da representação está cansada, enquanto que, se ela desperta emoções, será, no mínimo, uma peça interessante.
Há um número limitado, apesar de impreciso, de temas possíveis para o drama. Na opinião de vários críticos, esse número seria pouco mais, ou pouco menos, de vinte. Como todos eles já foram inúmeras vezes explorados pelo Teatro no decorrer dos séculos, fica impossível uma novidade na dramaturgia, exceto quanto ao modo de apresentar o tema. Assim, apesar de trabalhar com o velho, o dramaturgo precisa encontrar uma nova história, um novo estilo, fixar uma época (teatro histórico), a fim de emprestar originalidade à sua abordagem. Mas, se isto é o que acontece com o grande Teatro, no caso do Teatro Pedagógico é um pouco diferente: o tema é de natureza jornalística, ou seja, trata-se de uma mensagem a ser passada sobre um tema educativo momentâneo, de interesse atual. Porém, mesmo neste caso, a trama haverá de cair entre aqueles enredos possíveis na dramaturgia.
Escolhido o tema a ser explorado e criada a história a ser levada ao palco, o dramaturgo faz o Plano para escrever o seu roteiro. O Plano compreende o desenvolvimento de uma sucessão de cenas, escritas uma a uma até a conclusão do drama. Embora existam diversas variáveis, a Estrutura clássica de fragmentação de um roteiro é conhecida como Ternário: As primeiras cenas – Primeiro Ato – fazem a Preparação (Protasis); nas seguintes – Segundo Ato – desenvolve-se o conflito inerente ao drama e o desenvolvimento da crise até o seu clímax (Epitasis); finalmente o desenlace – Terceiro Ato – com a solução do conflito (Catastrophe).
Realismo. O estilo realista no teatro é o que procura guardar fidelidade ao natural, correspondência estreita entre a cena vivida no palco e a vida real quanto aos costumes e situações da vida comum. Porém, se o dramaturgo escreve sua peça com muita exatidão, o espectador não terá nenhuma vantagem em assisti-la mais que observar a própria vida nela refletida. Se a peça mostra somente o que vemos na vida mesma, não fará sentido alguém ir ao teatro. A questão importante não é o quanto ela reflete exatamente da aparência da vida, mas o quanto ajuda a audiência a entender o sentido da vida. O drama tornará a vida mais compreensível se o autor descartar o irrelevante e atrair a atenção para o essencial.
Ênfase. No drama, é necessário aplicar o princípio positivo da ênfase de modo a forçar a platéia a focar sua atenção naquele certo detalhe mais importante do enredo. Um dos meios mais fáceis de ênfase é o uso da repetição. Ao escrever sua adaptação da obra literária à dramaturgia, o dramaturgo tem presente uma importante diferença entre o romance e a peça de teatro: esta última, sendo falada, não dá chance ao espectador de voltar páginas para compreender algo que lhe tenha escapado no início. Por esse motivo, os dramaturgos de um modo geral encontram meios de dar ênfase repetindo uma ou duas vezes, ao longo da peça, o que houver de importante no diálogo. A ênfase por repetição pertence ao diálogo e pode ser habilmente introduzida no script.
Em geral, pode ser dito que qualquer pausa na ação enfatiza "por posição" o discurso ou assunto que imediatamente o precedeu. O emprego de uma pausa como uma ajuda para a ênfase é de especial importância na leitura das falas, como um recurso a mais para o dramaturgo.
Porém, há também momentos que emprestam ênfase natural à representação, como os últimos momentos em qualquer ato e, do mesmo modo, os primeiros momentos em um ato. Apenas os primeiros momentos do primeiro ato perdem esse poder, devido à falta de concentração dos espectadores que acabam de tomar seus lugares, ou são perturbados por retardatários que passam pela frente das pessoas já sentadas. Mas as ênfases nunca são colocadas na abertura de uma cena.
Para enfatizar o caráter de um personagem, colocam-se no texto repetidas referências à sua pessoa, de modo que na sua primeira aparição, o espectador já o conhece melhor que a qualquer dos outros personagens. É claro, existem muitos meios menores de ênfase no teatro, mas a maior parte destes são artificiais e mecânicos. A luz da ribalta é uma das mais efetivas. A intensidade de uma cena também pode ser criada, por exemplo, se a figura de um único personagem é projetada em silhueta por um raio de luz contra um fundo mal definido. Mais tempo é dado para cenas significativas que para diálogos de interesse subsidiário.
Antítese. Uma cena de leve humor vir após uma cena em que se discute um assunto sério; ou uma agitação no bar ser seguida de uma cena tranqüila em um parque equilibram a encenação. A Antítese pode ocorrer em uma cena, mas é mais comum que seja empregada no equilíbrio de cena contra cena.
Clímax. O clímax existe quanto a ação vai em crescente complicação, a cada ato, convergindo para um impasse cuja solução não é conhecida dos personagens e nem a platéia pode prever qual será. O clímax depende de certa corrida dos personagens para seus objetivos. Será difícil entender como clímax uma convergência muito lenta de acontecimentos. Os personagens precisam estar ansiosos por alcançar seus propósitos e agirem rápido nesse sentido, para que surja um verdadeiro impasse pressionando por uma solução urgente. Os dramaturgos normalmente colocam o clímax no segundo ato ato, conforme o Ternário acima referido (Protasis, Epitasis e Castrophe). Porém, se houver quatro, começam a exploração do tema suavemente, no primeiro ato, fazem crescer a trama no segundo, e o enredo torna-se progressivamente mais complexo e insolúvel até a solução vislumbrada ao cair do pano do terceiro ato. As explicações acontecem no quarto ato, no qual é mostrado o destino de cada personagem, vitoriosos ou derrotados, e paira no ar uma conclusão de natureza moral da qual os espectadores guardarão memória.
Suspense. O suspense, como o clímax, existe quanto a ação vai, a cada ato, convergindo mais e mais para um final. No suspense, o espectador pode suspeitar o que está prestes a acontecer, mas os personagens envolvidos não percebem o que lhes está reservado. O caráter de cada personagem precisa ser logo conhecido pela platéia, assim como suas intenções; um reconhecido ser um velhaco na sua primeira entrada. Os outros personagens estão no papel de inocentes, descuidados, ingênuos, que desconhecem o que o velhaco lhes prepara, mas a platéia já sabe o que ele é e o que ele pretende, e pode suspeitar qual será o desfecho. O fato de a platéia ter esse conhecimento tem um efeito paradoxal, que é tornar mais interessante o suspense.
Incorre em erro – que com certeza comprometerá o sucesso de sua peça –, o dramaturgo que cria em sua assistência a expectativa de uma cena extraordinária, exigida pela sua condução prévia da trama, e essa cena não se realiza como esperado, frustrando assim o suspense criado no espectador.
Recursos a evitar. Fazer um número grande de cenas curtas, fazer a história saltar vários anos para frente, ou fazer uso do recurso de flash back, isto cria confusão e irritação nos espectadores. Outros recursos que se deve evitar são: criar personagens invisíveis, que são descritos em minúcias mas que nunca aparecem no palco. Também prejudica o interesse da Platéia aquelas cenas em que um personagem deixa o palco e volta trazendo algum recado ou conta uma novidade. Outros ainda são os apartes e os solilóquios.
O aparte consiste em o ator falar uma frase audível para a assistência mas que se supõe não seria ouvida por um outro personagem no palco, ou por todos os demais. O ator dá um passo fora da moldura do palco para falar confidencialmente com a platéia. O aparte contraria a regra de que o ator deve manter-se aparentemente alheio à sua audiência.
O solilóquio é chamado construtivo quando serve para explicar o progresso de uma trama de modo a deixar a história mais clara para o espectador, ou para encurtar o drama. É chamado reflexivo quando é empregado apenas para revelar à platéia certa seqüência de pensamentos de um personagem, sem que por meio dele o dramaturgo faça qualquer referência utilitária à estrutura da trama. Um bom ator pode fazer um solilóquio reflexivo sem perder a naturalidade. Embora o solilóquio reflexivo possa ser útil e mesmo belo, o solilóquio construtivo é tão indesejável como o aparte, porque força o ator para fora do contexto do mesmo modo.
Final Feliz. Conceber um final para uma história pode ser a parte mais difícil do trabalho criativo. Um final precisa corresponder ao fechamento lógico do drama desenvolvido nas cenas antecedentes. Não pode ser a solução de conflitos colocados apenas nas últimas cenas, nem a solução para os conflitos colocados no início, deixando-se de lado as complicações que se seguiram. O final feliz precisa ser crível, aceitável para os espectadores como a melhor opção, ou como desfecho claro e compreensível que satisfaz de modo inteligente ao suspense, traz o alívio que dissipa as tensões do clímax, e espalha um sentimento de compensação plena na platéia.
GLOSSÁRIO DE TEATRO
Glossário resumido para o Teatro Escolar:
1. Teatro
2. Palco
3. O público
4. Acessórios e adereços
5. Equipe dramática
6. Equipe técnica
7. Elementos da representação dramática
8. Gêneros teatrais
1. TEATRO
Teatro1. Arte da representação do drama, uma história escrita para ser representa por atores perante uma assistência, e cujas diferentes categorias dão origem aos diversos gêneros teatrais.
Teatro2. Edifício ou sala especialmente construída para a representação por atores, de um drama, perante uma assistência de espectadores. Na sua totalidade compreende o palco para a representação e as acomodações para o público, e nele atuam a equipe dramática e a equipe técnica, que se ocupam de todos os elementos da representação incluídos seus acessórios e adereços. Termos vinculados:
2. O PALCO
Estrutura sobre a qual são conduzidas as representações teatrais em uma casa de espetáculos. Eleva-se cerca de 80 cm a 1 metro acima do piso do auditório ou platéia. A chamada Em teatro é o espaço destinado às representações; em geral são tablados ou estrados de madeira que podem ser fixos, giratórios ou transportáveis. Os palcos assumem as mais variadas formas e localizações em função da platéia, que pode situar-se à frente dele ou circundá-lo por dois ou mais lados.
Termos vinculados:
Abertura. O mesmo que boca de cena. Sua dimensão longitudinal é o rasgo da boa de cena.
Alçapão. Tampa no chão do palco que comunica com o porão. É utilizado para desaparecimento de atores ou de objetos principalmente em números de mágica conduzidos no palco.
Amarração. Fixação dos painéis do cenário por meio de cordas, sarrafos, grampos e outros meios, para dar firmeza e segurança às estruturas.
Americana. Sofita de estrutura reforçada para suportar suspensões (cenários ou cortinas) de maior peso.
Bambolinas. Faixas de pano ou placas de madeira verticais suspensas transversalmente sobre o palco, destinadas a ocultar dos espectadores os equipamentos de iluminação, as varas de sustentação e o trabalho dos técnicos nas estruturas elevadas durante a representação, e o topo do pano de fundo ou rotunda. A primeira bambolina, chamada mestra ou reguladora, pende logo à entrada do palco ou boca de cena. É a que indica a altura para as demais.
Bandô. Faixa de pano franzido ou peça de madeira que esconde o trilho ou vara que sustenta a cortina da boca de cena. Geralmente franzida, é também chamadalambrequim, por lembrar a barra de madeira recortada em desenhos que tinha esse nome, e era usada como ornamento no beiral dos telhados antigos.
Bastidores. Pares de painéis verticais retangulares, de madeira e pano, que escondem do espectador as dependências laterais do palco. Oculto pelos bastidores o ator aguarda seu momento de entrar em cena. São também chamados pernas.
Boca de cena. É a grande abertura que expõe a representação teatral perante a platéia. Seus limites ou perímetro podem ser mudados com o posicionamento dos reguladores que são a bambolina reguladora da dimensão vertical e os bastidores laterais, reguladores da dimensão horizontal do vão da abertura.Também chamada entrada do palco e abertura de cena.
Caixa do palco. Parte do edifício teatral que contem, além do palco propriamente dito, dependências anexas como camarins, espaços de manobra de mecanismos, depósitos de materiais para os cenários da representação em curso, além de um porão.
Camarim. Recinto reservado, próximo ao palco, onde os atores se vestem e se maquilam para a cena, ajudados pelos técnicos das áreas respectivas..
Cenário. Conjunto dos diversos materiais utilizados para criar o ambiente e a atmosfera própria na representação do drama. Compreende painéis, móveis, adereços, bambolinas, bastidores, efeitos luminosos, projeções etc.
Cenário de gabinete. Cenário de interiores limitados por paredes com portas e janelas, mobiliados como escritórios ou cômodos de uma casa ou apartamento. São ditos "cenários realistas" por reproduzirem no palco o ambiente real em que se passa o drama.
Ciclorama. Tela no fundo do cenário, curva para efeito de perspectiva, ou plana para retro-projeção. Pode ser um painel pintado, de pano ou madeira, com paisagens, jardins, ruas, praias e mar, horizontes montanhosos, etc. São comuns cicloramas mostrando como fundo de cena um terraço, principalmente para as tragédias; uma praça pública para uma comédia, e uma paisagem bucólica para cenas campestres. Quando se deseja um fundo neutro, possui uma cor única: branca, preta ou cinza. Uma paisagem retro projetada que se move cria a ilusão de deslocamento dos objetos do palco.
Cortina. Peça, geralmente em tecido, que resguarda o palco. Abre e fecha nas mudanças de ato, e ao fim ou início do espetáculo. Movimenta-se lateralmente, ou sobe e desce por mecanismo apropriado. Também chamada em teatro de ‘pano-de-boca’ e "cortina de boca". Está situada logo atrás da moldura ou boca-de-cena.
Coxia. Seu significado ordinário é de passagem estreita. Nos palcos de teatro, emprega-se para designar a passagem entre os bastidores, para a entrada em cena do ator, ou de onde os que não participam da cena podem observa-la sem serem vistos pelo público. Por extensão, também o espaço estreito ou corredor situado imediatamente atrás dos bastidores.
Espaço cênico. Área do palco ocupada com a representação. Divide-se primeiramente em direita e esquerda, conforme a visão do público. A direita alta é o canto superior da cena do lado direito; direita baixa é a parte inferior da cena do lado direito. Aplica-se simetricamente a mesma divisão ao lado esquerdo.
Fosso de orquestra. Espaço localizado à frente do palco, em nível mais baixo, destinado ao posicionamento da orquestra. Muito comum em teatros que encenam óperas ou grandes musicais. Pode ser também uma parte mecanicamente móvel do palco, que pode ser baixada quando necessário para abrigar uma orquestra e alçada novamente para as representações comuns.
Fosso do palco. Espaço sob o palco, ocupado por alguns equipamentos como o elevador do fosso da orquestra, escada para o alçapão, entrada para o local doponto, equipamentos para efeitos de fuga ou aparição em cena, etc.
Galeria. A parte mais alta do auditório, situado acima dos camarotes, com bancos contínuos para os espectadores. Como oscamarotes, acompanha as paredes laterais e de fundo da sala de espetáculos.
Iluminação. Conjunto de equipamentos e técnicas para iluminação fixa e móvel do palco. As duas principais estruturas envolvidas com a iluminação são as varas (suporte transversal onde são fixados os holofotes) e a ponte, passarela ou varanda, colocada junto à vara de iluminação para trânsito do técnico de iluminação. Visiveis para quem está no palco, ficam ocultas da vista do público pelas bambolinas.
Luz de ensaio. Também dita luz de serviço. Iluminação ordinária do palco, usada durante os ensaios, as montagens de cenário, ou quaisquer atividades fora do horário de espetáculo. Quando é uma única lâmpada é chamada sentinela.
Palco italiano. Palco retangular comum a quase todos os teatros. Tem forma de caixa aberta à frente da platéia, em geral com um comprimento em profundidade de três quartos em relação à boca de cena, medida a partir da linha da cortina. É provido de moldura (boca-de-cena) e cortina (pano-de-boca), e um espaço cênico limitado lateralmente por bastidores e por cima pelas bambolinas, além de um espaço à frente da boca de cena, chamado de proscênio, que se estende da cortina e dá um limite curvo frontal para o palco. Quando há um fosso para a orquestra, ele é um prolongamento do proscênio.
Palco giratório. Plataforma circular sobre a qual são colocados todos os cenários de uma peça ou de um ato, e que se faz girar a cada mudança de cenário.
Pano de fundo. Também chamado rotunda. É a tela que fecha ao fundo o espaço cenográfico, quando não há ciclorama ou quando se deseja encurtar o espaço cênico.
Pano de boca. Vide cortina.
Porão. Parte inferior do palco. Nos teatros antigos havia alçapões. PORÃO: Parte da caixa cênica situada abaixo do palco, para movimentação de maquinaria cênica ou como recurso cenográfico.
Proscênio. Um avanço do palco, além da boca de cena, que se projeta para a platéia. Seu limite, comumente em forma de arco, é a ribalta (V.p.f.). O proscênio, tem a largura mínima, ou pouco mais, das rampas ou degraus laterais que dão acesso ao palco a partir da platéia.V. tb. Palco italiano.
Rampas. Passagens para o palco a partir dos extremos da platéia, demarcadas por luzes sinalizadoras junto ao piso.
Ribalta. Rebordo alto no limite do proscênio, que esconde uma fileira de luzes instaladas a nível do assoalho, que iluminam o rosto dos figurantes sem serem vistas pelo público..
Rotunda. Pano de fundo suspenso por uma vara e geralmente esticado por outra em baixo, mais pesada. É posicionado à frente do ciclorama na posição própria para a limitação que se queira dar à profundidade do espaço cênico.
Tangão. Painel vertical com luzes voltadas para o espaço cênico, de um lado e de outro da boca de cena, por trás dos bastidores reguladores
Urdimento. O conjunto das armações de madeira ou ferro das máquinas e dispositivos cênicos que estão suspensas sobre o palco, Compreende a sofita , que é a estrutura mestra de sustentação, as varandas ou passarelas, as varas em que estão fixados os holofotes e das quais pendem as bambolinas e os bastidores.
Vara. Toda peça comprida de madeira que, ao modo como as vergas transversais dos mastros dos navios, servem para sustentação dos panos, cortinas, bambolinas, e bastidores do cenário. equipamentos de luz e vestimentas cênicas. Sua movimentação pode ser manual, utilizando-se contra-pesos, ou elétrica.
Varandas. Plataformas ou passarelas suspensas que permitem aos técnicos caminharem sobre o palco, ocultos pelas bambolinas, para acionamento de cordas, movimentação dos holofotes, posicionamento dos bastidores, etc.
3. O PÚBLICO
Os freqüentadores do teatro e os que apenas ocasionalmente assistem a um espetáculo teatral, constituem o público. É chamado platéia por extensão do nome da parte do auditório fronteira ao palco, devido a grande parte dos teatros disporem apenas desses assentos.
Termos vinculados:
Auditório. Acomodação para os espectadores que se divide em partes mais ou menos privilegiadas em relação à visão do palco e compreendem – embora não estejam presentes em todas as casas de espetáculo –, em Platéia, Balcão, Camarotes, Frisas e Galeria.
Balcão. Parte do auditório de teatro que se projeta a partir do fundo, como um mezanino sobre a platéia situada no piso principal.
Bilheteria. Guichês de venda de ingressos que abrem para fora do Teatro, evitando-se colocá-los no Foyer ou Hall, locais em que uma fila de compradores perturbaria qualquer das muitas outras atividades que podem ser conduzidas nesse local. A bilheteria tem um plano impresso com a posição e numeração dos assentos onde são assinalados os já vendidos.
Camarotes. Cabines com balaustrada das quais se tem uma visão privilegiada do palco, erquidas em estruturas ao redor da platéia, contra as paredes do auditório. O camarote ao fundo, sobre a entrada do teatro, tido como o mais privilegiado de todos, é reservado a autoridades: Camarote real; camarote do Presidente.
Frisas. Em um teatro italiano com forma de ferradura (como geralmente são os grandes teatros dos séculos XVIII e XIX), série de camarotes situados junto às paredes de contorno da sala, no nível da platéia.
Galeria. Acomodação para o público situada sobre os camarotes e junto ao teto e que tem acesso próprio. Os assentos são em bancos ou arquibancadas, e em alguns casos o espectador assiste de pé. Paga-se menor preço pelas entradas. Nas apresentações de gala, acomoda o público que não está em traje-a-rigor.
Hall ou foyer. Área externa dos auditórios, local ideal para pequenas exposições, excelente para realização de coquetéis, apresentações, exposições, vernissages (noites de autógrafos) etc.
Platéia. É a parte baixa do teatro, entre o palco e os camarotes, com as poltronas numeradas destinadas ao público. Distingue-se, portanto, das frisas, camarotes, galerias que têm critérios próprios para numeração e identificação de lugares.
Terraço. Espaço algumas vezes a céu aberto, acrescido de lanchonete, aberto aos espectadores para descanso nos intervalos entre os atos. É um local em que se pode conversar e fazer um pequeno lanche ou café, com acesso exclusivo para os espectadores pagantes e convidados.
4. ACESSÓRIOS E ADEREÇOS
Termos vinculados:
Adereços. Objetos do cenário (adereços de cena) como quadros, tapetes, estátuas, cortinas, abajures, etc.; ou que são utilizados pelo Ator na representação do seu papel (adereços de representação) como óculos, bengala, jornal, livro, etc.
Arara ou cabideiro: Uma estrutura feita em madeira ou metal, onde se colocam os cabides com os figurinos do espetáculo. Geralmente é feita com dois pés laterais ligados no alto por um cano ou peça roliça de madeira; alguns se movem sobre rodas.
Guincho. Qualquer tipo de máquina constituída por roldanas, carretilhas, polias e cordas para içar peças pesadas, abrir e fechar cortinas, esticar panos, suspender e baixar varas (de luz ou de peças cenográficas) e outros equipamentos da cenografia.
Iluminação. Conjunto de lâmpadas e refletores que iluminam o palco, o auditório, ou que são usados para efeitos especiais no cenário. Cada conjunto é controlado através de uma mesa de comando com chaves para ligar e desligar, e produzir efeito de escurecimento lento (Dimers).
Canovaccio ou Canevas. Drama escrito de modo resumido, como um memorando. Servia para orientar os atores da Comedia del'Arte, um gênero de teatro italiano de representação à base de improvisos. Evitava que os Atores perdessem o rumo da história encenada e se afastassem do papel que deviam representar. Libreto. Livro com o texto de um drama preparado para representação teatral cantada e musicada para orquestra. Contem todas as indicações próprias do roteiro teatral como papel de cada personagem, cenário, divisão em cenas e atos, decoração e vestimentas, efeitos de luz, e o diálogo a ser cantado pelos atores. Sua diferença para o um drama comum é a maior brevidade (por isso o nome de "pequeno livro"), motivada pelo fato de que o texto cantado faz um espetáculo mais longo que o texto escrito. Muitos libretos são condensações de peças teatrais.
Paineis. São feitos em lona esticada, chapas de compensado ou de papelão, eucatex, e outros materiais rígidos ou não. Podem ser fixados nas tábuas do piso, presos em esquadros ou sustentados por cabos da urdidura.
Praticável. Módulo geralmente em madeira e sobreposto ao palco, com tampo resistente sobre o qual se pode caminhar. É usado na montagem de níveis diferentes de piso, nos cenários.
Refletor. Luminária potente, em que a luz de uma lâmpada é concentrada em uma superfície espelhada que projeta um círculo de luz. São dispostos em varas sobre o palco ou manipulados por técnicos da iluminação do alto de uma passarela. Cada um serve a um propósito específico e apresenta características diferenciadas de abertura de foco, colorido da luz, mobilidade, etc. Refletores de luz negra emitem raios ultravioletas invisíveis, mas que provocam fluorescência sobre os atores e objetos.
Sofitas. Vigas ou longarinas construídas em aço ou madeira, e que está diretamente presa ao teto de madeira ou laje de concreto do edifício, sobre o palco. Dispostas em sentido longitudinal, sustentam o restante do urdimento constituído de varas e passarelas transversais, bastidores, etc.
Travamento. Também se diz amarração ou travação. Consiste em colocar escoras, calços, caibros ou sarrafos de madeira, amarrados, pregados ou parafusados, com a finalidade de sustentar firmemente o cenário.
5. EQUIPE DRAMÁTICA
Termos vinculados:
Ator. Intérprete de um papel teatral. O que interpreta um personagem (palavra que pode ser empregada no feminino ou no masculino, segundo o Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda)
Cenógrafo. Também chamado cenarista. Aquele que cria o projeto cenográfico e monta o espaço cênico de modo realista ou conforme idealizado pelo dramaturgo e acompanha e orienta sua execução.
Diretor de ator. Tem a tarefa de ensaiar o ator, seguindo a orientação dada pelo Diretor-geral.
Diretor de cena. É o responsável pela encenação do espetáculo o que compreende a atuação disciplinada dos atores e o desempenho eficiente do pessoal técnico.
Diretor Geral. Coordenador geral de todos os aspectos envolvidos com o espetáculo, aprova a escolha do elenco, o cenário, o figurino, iluminação, etc.
Diretor musical. responsável por escolher a trilha sonora, fundos musicais, etc.
Dramaturgia. Arte da composição das peças de teatro.
Dramaturgo. O literato que escreve a peça teatral. Autor de um texto dramático, que é a literatura destinada ao teatro.
Elenco. O plantel de atores em uma representação teatral.
Figurante. Pessoa que entra em cena para fazer um papel anônimo, como parte de grupos ou da multidão. Na hierarquia dos papeis o seu está abaixo do papel principal, do papel secundário e da ponta.
Figurinista. Aquele que cria, orienta e acompanha a feitura dos trajes para um espetáculo teatral. Deve possuir conhecimentos básicos de desenho, moda, estilo e costura.
Iluminador. O técnico que faz o projeto de luz para um espetáculo de teatro, com os efeitos adequados ao clima do drama e à valorização do trabalho do ator. Determina o plano compreendendo cores, intensidades, seqüências e será seguido pelo Operador-de-luz junto à mesa de controle.
Intérprete. O mesmo que ator.
Personagem. O indivíduo imaginário que tem um papel na história criada pelo dramaturgo, e que o Ator representa na execução do drama. Embora conste no Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda que é usado como substantivo masculino ou feminino, este último gênero está mas de acordo com a origem latina do termo, que deriva de persona, máscara, e agere: a mascara que age.
Ponto. Técnico da equipe de produção que acompanha o desenrolar da representação a partir de um ponto no procênio, e lê o roteiro ao longo do espetáculo de modo a ajudar os atores no diálogo e nos movimentos em cena. Ocupa um fosso cujo alçapão ou anteparo o mantém oculto para a assistência..
Produtor. O capitalista que financia a montagem da peça para lucrar com o empreendimento.
6. EQUIPE TÉCNICA
Termos vinculados:
Camareira. Dá assistência aos atores no camarim e encarrega-se do vestuário dos personagens que eles irão representar. Mantém o camarim limpo, as roupas limpas e bem condicionadas,.
Carpinteiro. Profissional indispensável para serrar, montar e travar as estruturas cenográficas, sob a direção do cenotécnico e de acordo com o projetado pelo cenógrafo.
Cenotécnico. Constrói o cenário e faz funcionar os mecanismos para criação dos ambientes, conforme planejado pelo Cenógrafo. É ajudado pelos carpinteiros que fabricam painéis a serem pintados pelos pintores, as portas, as janelas, o mobiliário, e demais peças requeridas pelo projeto.
Contra-regra. Encarregado de produzir certos efeitos sonoros como trovões, relâmpagos, ruídos de motor, relincho de cavalos, etc. Providencia e distribui os adereços e utensílios de cena a serem utilizados pelos atores em seus papeis, assim como os recolhe e conserva para os espetáculos seguintes. Trabalha em conjunto com o cenotécnico na criação dos ambientes, e na mudança dos cenários.
Divulgador. Publicitário ou jornalista incumbido de mandar horários e notícias sobre o espetáculo, preparar sinopses, para os jornais e revistas, e colher e divulgar as críticas favoráveis às apresentações.
Eletricista. É quem cuida de toda a instalação elétrica do teatro. É ele quem instala os refletores, gambiarras, como também as luzes de cena tais como lustres, abajures etc. e os distribui no quadro de luz.
Maquiador. O técnico que faz a maquiagem requerida pela caracterização dos personagens de um espetáculo teatral, a fim de criar o tipo idealizado pelo dramaturgo. Seu relacionamento na equipe é principalmente com o diretor, o figurinista e os atores e a sua arte implica muitas vezes a transformação de um rosto jovem no rosto de um velho.
Maquinista. Controla os mecanismos para as manobras de posicionamento de bambolinas e bastidores, abertura e fechamento das cortinas, e demais equipamentos do urdimento.
Operador de luz. Controla a iluminação através do painel ou mesa de luz.
Operador de som. Controla não só as músicas, mas todos os sons do espetáculo. Trabalha em conjunto com o contra-regra.
Produtor executivo. O encarregado das compras e de providenciar todo o material para a montagem, conforme solicitado pelo cenotécnico, o contra-regra, etc.
Produtor gráfico. Providencia os desenhos e modelos para cartazes, bilhetes de ingresso, etc. É: responsável por todos os impressos da peça: e colabora com oDivulgador providenciando a impressão dos materiais de propaganda.
7. ELEMENTOS DA REPRESENTAÇÃO DRAMÁTICA
Termos vinculados:
Ação. Se diz não apenas dos movimentos do ator na representação do seu papel, mas também do desenrolar de toda a trama, ou dos atos e cenas do drama, assim também como do cinema e mesmo no romance escrito. Essa generalidade se aplica também ao movimento implícito na mudança de humor e na expressão dos sentimentos, considerada uma ação interna.
Antagonista. Personagem cujo papel é contrário e conflitante com o de outro. Entre os personagens principais, é o que se opõe ao protagonista principal.
Aparte. Esclarecimento, comentário crítico, dito mordaz que o ator faz para a platéia, e que supostamente não será ouvido pelos outros personagens da cena.
O aparte consiste em o ator falar uma frase audível para a assistência mas que se supõe não seria ouvida por um outro personagem no palco, ou por todos os demais. O ator dá um passo fora da moldura do palco para falar confidencialmente com a platéia. O aparte contraria a regra de que o ator deve manter-se aparentemente alheio à sua audiência.
Armar a cena. Montar o cenário.
Ato. Divisão do drama feita para distinguir etapas pelas quais passa o desenvolvimento da trama no sentido de sua solução, dentro de uma fração do tempo de apresentação que distribui tão igualmente quanto possível a duração da apresentação.
Ator. O artista que faz o papel de um personagem.
Batidas. Três golpes com um bastão de madeira dado sobre o piso do palco para atrair a atenção do público anunciando a eminência do levantamento da cortina para início do espetáculo.
Canovaccio ou Canevas. Drama escrito de modo resumido, como um memorando. Servia para orientar os atores da Comedia del'Arte, um gênero de teatro italiano de representação à base de improvisos. Evitava que os Atores perdessem o rumo da história encenada e se afastassem do papel que deviam representar.
Captatio benevolentiæ. Expressão latina para as palavras que um dos intérpretes ou um dos diretores discursa brevemente solicitando a benevovolência do público para eventuais falhas da representação, geralmente em função da precariedade de recursos disponíveis para a montagem.
Catarse. Efeito psicológico benéfico sobre o espectador como resultado de sua identificação com os personagens nas situações de conflito e sua solução, na representação dramática.
Cena. Segmento do drama em que a ação se desenvolve no mesmo ambiente, na mesma época e com os mesmos atores. A alteração em qualquer desses elementos determina uma nova cena. É também a parte do palco limitada pelo cenário e destinada a representação.
Cenografia. Arte e técnica de criar, projetar e dirigir a execução de cenários para espetáculos de teatro, de cinema, de televisão, de shows etc. O termo aplica-se também ao conjunto dos elementos (cortinas, bastidores, mobiliário, etc.) que representam o espaço imaginado para a ação do drama.
Contra cenar. Atuarem na mesma cena dois ou mais atores, participando do mesmo diálogo.
Deixa. Palavra ou palavras do final de uma fala e que indicam a ocasião da réplica do ator ou de qualquer movimento dele, ou também serve de indicação ao contra-regra para uma mudança de luz ou de som. Para maquinistas, contra-re gras, luz, e som, indica o momento de sua intervenção.
Distribuição. Quadro de distribuição dos personagens e seus interpretes.
Drama. História escrita com diálogo e indicações para ser representada
Espetáculo. A encenação ou representação de uma peça no teatro para uma platéia.
Estética. Disciplina que trata do Belo. É parte da Filosofia assim como a Ética e a Moral, que tratam do Bom, e a Epistemologia, que trata da Verdade. A Arte é objeto da Estética o que coloca também o Teatro no campo de sua abrangência filosófica.
Figurino. Vestimenta utilizada pelos atores para caracterização de seus personagens de acordo com sua natureza, e identifica, geralmente, a época e o local da ação. Traje de cena.
Indicação cênica. A instrução constante das Rubricas.
Interpretação. Ação de dar vida e sentido ao personagem de um drama.
Intriga. O mesmo que enredo ou trama em um romance ou drama.
Leitura de mesa. Reunião com o elenco para a primeira leitura do texto, cada ator com a sua fala lida com entonação normal, para o conhecimento do seu papel e de toda a peça.
Levantar um ato ou uma peça. Fazer o primeiro ensaio de palco.
Libreto. Livro com o texto de um drama preparado para representação teatral cantada e musicada para orquestra. Contem todas as indicações próprias do roteiro teatral como papel de cada personagem, cenário, divisão em cenas e atos, decoração e vestimentas, efeitos de luz, e o diálogo a ser cantado pelos atores. Sua diferença para o um drama comum é a maior brevidade (por isso o nome de "pequeno livro"), motivada pelo fato de que o texto cantado faz um espetáculo mais longo que o texto escrito. Muitos libretos são condensações de peças teatrais.
Marcação. É a indicação feita pelo encenador, das entradas e saídas, das movimentações e posições dos atores durante a representação. MARCAR O PAPEL É anotar no texto, todo movimento que obriga o seu personagem, tal como é indicado pelo encenador.
Mise en scène. Atividade de encenar um drama ou de transpor para a categoria dramática uma obra literária. .
Montagem. O mesmo que mise en scène. Preparar uma representação com os recursos do Teatro (os cenários, o guarda-roupa, a aparelhagem elétrica, os adereços, o mobiliário, o calçado, os chapéus etc.
Naturalismo. Representação realista com respeito à natureza do homem e das coisas.
Pano rápido. Abertura ou fechamento súbito do pano-de-boca para a obtenção de determinados efeitos cênicos. Pano rápido.
Papel. As ações e as palavras de um personagem em um drama.
Performance. Interpretação que se pode dizer boa ou má, que o ator dá do seu personagem.
Pintura de arte. É o tratamento da superfície: os efeitos de cor dados para criar a atmosfera do cenário. Também é feitura de quadros, paisagens etc. O pintor de telão é considerado um pintor de arte.
Plano da peça. Também chamado Quadro detalhado dos atos e cenas da peça, que servirá de base para o desenvolvimento do roteiro ou script da peça.
Ponta. Papel de pouca extensão. Papel pequeno, porém maior que o do figurante..
Quadro vivo. Cena em que os atores se mantêm mudos e imóveis no palco, como as figuras de uma pintura, enquanto outro, que passa lentamente entre eles – ou uma voz que vem dos bastidores –, explica a cena. Técnica usada quando é impossível criar no palco a cena desejada, como uma batalha, a escalada de uma montanha, uma aparição, etc.
Representação. No teatro, é a ação de simular outra pessoa quanto às suas ações e a todos os aspectos de sua personalidade, no modo como ela é descrita como um personagem do drama.
Reprise. — Reencenar. Tornar a por em cena. Reapresentar uma peça com o mesmo elenco e encenação da representação anterior.
Rubrica. As Rubricas (também chamadas “Indicações de cena” e "indicações de regência") descrevem o que acontece em cena; dizem se a cena é interior ou exterior, se é dia ou noite, e o local em que transcorre e todas as ações e sentimentos a serem executados e expressos pelos atores.
Solilóquio. Fala de um personagem que diz algo para si mesmo, como um pensamento em voz alta que supostamente será ouvido apenas pelo público.
Tema. Assunto em torno do qual é desenvolvida uma história dramática.
Texto dramático. Texto próprio para o teatro.
Tipo ou Caráter. Personagem do drama com as peculiaridades físicas e morais de personalidade criada pelo dramaturgo.
Trama dramática. Teia de acontecimentos cujo entrelaçamento e cuja solução constitui o enredo da peça.
Troupe. Grupo de teatro constituído de pequeno número de atores e técnicos.
8. GÊNEROS TEATRAIS
Termos vinculados:
Barroco. Estilo de peça teatral caracterizado pela liberdade das formas e ornamentação luxuosa e exagerada que predominou no teatro popular do século XVII e XVIII, principalmente na Espanha.
Comédia. Peça teatral que tem o propósito de provocar riso nos espectadores, tanto pelas situações cômicas quanto pela caracterização de tipos e de costumes, quanto pelo absurdo da história. Distinguem-se modalidades como Comédia do Absurdo, Comédia Dramática (peça que reúne situações sérias e episódios cômicos). Comédia Musical, Comédia romântica Sketch cômico (comédia curta e informal), Comédia satírica, etc.. Na comédia a ação precisa não somente ser possível e plausível, mas precisa ser um resultado necessário da natureza ingênua do personagem.
Commedia dell’Arte. Teatro popular ambulante de comediantes italianos, cuja interpretação envolvia malabarismos, correrias, cacetadas, simulação de encontros secretos e dança cômica. Os atores usavam meias-máscaras de personagens fixos, e improvisavam em relação ao texto básico da peça, o canevccio (v.p.f.). Suas comédias trouxeram pela primeira vez mulheres ao palco, em lugar dos rapazes adolescentes vestidos de mulher para os papeis femininos. Os historiadores supõem que "dell'Arte" é alusão à perícia e dotes artísticos próprios dos saltimbancos tais como malabarismos, improvisações engraçadas, mímica, etc., significando a arte requerida para a representação.
Farsa. Comédia menos estruturada, rica de improvisações cômicas tanto nos diálogos quanto na ação física. As situações são de exagero, lembrando o que foi aCommedia dell'Arte.
Melodrama. Gênero teatral em que os fatos são apresentados como um risco natural assumido pelo personagem ou do qual é inadvertidamente vítima. Um fim que poderia ser evitado não colaborassem elementos circunstancialmente adversos.
Opera. Drama lírico, inteiramente cantado, encenado como peça de teatro. O dramaturgo oferece o libreto ao compositor e este cria a música para cada um dos papeis a serem interpretados por cantores líricos em solos, duetos e coral de vozes masculinas e femininas. A importância da música e o libreto é igual, mas é variável o valor estético de um e outro uma vez que a beleza da música pode suplantar o interesse da trama literária. Porém, sem o livreto a ópera se reduziria a um mero concerto. Distinguem-se modalidades como as Óperas de câmara, que são versões adaptadas a teatros pequenos e a interiores palacianos; as Óperas cômicas, etc.
Opereta. Opera curta e de encenação menos suntuosa que a Ópera ordinária.
Pantomima. Peça de teatro ou drama em que a história é contada por meio de ação e expressão corporal, sem uso de palavras. Todo o drama é capado pelo espectador nos gestos e posturas dos personagens.
Pastorais. Espetáculos nos quais os personagens são campesinos, e através de uma história ingênua expressam valorização da natureza e dos costumes espontâneos da vida no campo. Embora seja um gênero de teatro que remonta à antiguidade, teve mais evidência na sua forma ideológica, fundamentada no pensamento socialista de Rousseau, que preconizava o retorno do homem à natureza. Também chamado Teatro Ingênuo.
Réalismo. Tese de que se deve emprestar à encenação teatral todas as condições de fidelidade ao mundo real.Teatro realista ou drama realista.
Teatro de Fantoches. Utiliza bonecos vestidos como personagens, em cuja roupa o operador esconde a mão, e com ela, usando o dedo indicador, movimenta a cabeça, e com o polegar e o médio, os braços. Também chamado Teatro de Boneco.
Teatro do Absurdo. Gênero cujos temas baseavam-se na filosofia materialista do filósofo francês Paul Sartre, para quem a vida e o mundo são inexplicáveis e absurdos. Os diálogos são sem sentido, assim como a própria trama dramática, para mostrar a dificuldade de entendimento entre as pessoas e a irracionalidade da existência.
Teatro do quotidiano. Também chamado Teatro Realista, desenvolvido no século XX. O drama transcorre em ambientes que espelham locais como escritórios, ruas movimentadas, bares, e outros, que os personagens ocupam como pessoas comuns no seu dia.
Teatro Pedagógico. Constitui-se de peças de caráter educativo, servindo para passar conhecimentos elementares de ciência e de comportamento. Também chamado Teatro Escolar e Teatro Educativo, inclui peças moralistas e de ensinamentos religiosos e morais (Teatro moralista, com final edificante, e Teatro Religioso, sobre trechos bíblicos, vida de santos, etc.).
Teatro de Variedades. Espetáculo apresentando diversas atrações teatrais, como danças, coro de bailarinas, desnudamentos, monólogos e desencontros cômicos, costurados em um enredo divertido e ligeiro. Também chamado Teatro Burlesco.
Tragédia. Gênero teatral em que o drama representa a luta de um ser humano contra obstáculos insuperáveis, em um confronto necessariamente destinado à derrota do herói por forças opostas e maiores que sua vontade e sua coragem. Na tragédia o indivíduo luta contra a força imponderável do Destino de antemão traçado por forças sociais que o excluem, ou por elementos dominantes do seu caráter que tornam inevitável um determinado fim.